Francisco Luís Pereira de Sousa
(Geólogo)
1870-1931
Nasceu este ilustre geólogo na cidade do Funchal, no dia 22 de Setembro de 1870. Era filho do Dr. Francisco Clementino de Sousa, médico ilustre, poeta e jornalista e de sua esposa D. Maria Guilhermina Pereira de Sousa.
Passou os primeiros anos da vida na terra natal, junto dos seus, tendo aí feito os primeiros estudos bem como os secundários, cursando o liceu daquela cidade.
Em 1887 velo para Lisboa frequentar preparatórios para a carreira militar na antiga Escola Politécnica, actual Faculdade de Ciências, onde obteve em quase todas as cadeiras prémios pecuniários e louvores, apesar do tempo de que dispunha não poder ser todo aproveitado nos seus estudos por ter de leccionar particularmente para auxiliar a vida de sua família.
Ao terminar aqueles estudos ingressou na antiga Escola do Exército onde fez com a maior distinção o curso de engenharia militar, que concluiu em Outubro de 1894, sendo poucos dias depois nomeado alferes para o regimento de engenharia e onde o foi encontrar a sua promoção de tenente em 29 de Outubro de 1896.
Foi durante a sua estada em Tancos, sede do regimento, que fez os primeiros estudos geológicos, publicando na "Revista de Engenharia Militar" dois trabalhos intitulados, "Subsídios para o estudo dos calcários do distrito de Lisboa" e "Estudo geológico do Polígono de Tancos".
Vincula assim a grande paixão e interesse que desde os tempos escolares sempre lhe mereceram os estudos de sismologia e geologia.
A 10 de Outubro de 1904 foi nomeado engenheiro subalterno de 2ª classe do Quadro Técnico de Obras Públicas e a 17 do mesmo mês promovido a capitão para o Estado Maior de engenharia, saindo de Tancos e indo fazer serviço no Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria como engenheiro adjunto do Inspector Geral das Indústrias Eléctricas.
Apesar dos assuntos que se ligavam com as suas funções oficiais serem de índole bem diversa daqueles que a sua natural inclinação lhe pedia, isto é, os que diziam respeito a qualquer ramo da geologia, Pereira de Sousa, nunca descurou esta ciência à qual consagrava os seus momentos de ócio e publicou por esta ocasião na "Revista de Engenharia Militar" o seu trabalho intitulado "Os calcáreos do distrito de Leiria" e na "Revista de Obras Públicas e Minas" "Idea geral dos calcáreos empregados nas construções de Lisboa" e "Os calcáreos mais empregados em Portugal".
O seu maior desejo porém era poder dedicar toda a sua actividade e estudo a assuntos geológicos e por isso provocou a sua entrada na "Comissão dos Serviços Geológicos" em 21 de Dezembro de 1910 e aí se conservou até Setembro de 1928, data em que se viu na necessidades de se demitir por ter sido abrangido por uma lei de incompatibilidade mal interpretada, em virtude da qual os Serviços Geológicos ficaram privados da sua colaboração tão valiosa e o País de serviços cujo valor é desnecessário enaltecer.
É durante a sua estada nos Serviços Geológicos que a sua actividade científica se desenvolve, desdobrando-se nas mais variados aspectos, focando quer a estratigrafia, quer a sismologia, quer ainda a petrografia.
A sua obra é vastíssima avultando de um lado os trabalhos sobre os fenómenos sísmicos mais importantes que se têm dado no nosso país e do outro os referentes à geologia de Angola e do Algarve.
As suas publicações sobre o terremoto de Lisboa de 1755 tiveram uma grande percussão lá fora. O célebre sismólogo francês Conde de Montessus de Ballore referindo-se a eles classifica-os de obra magistral e o ilustre director da estação sismológica de Granada Navarro Neumani diz deles. "Êste trabalho sôbre o terramoto mais notável que regista a história, deve classificar-se como o único na sua classe e modêlo acabado de estudo dum sismo antigo".
Para fazer os seus estudos sobre o Algarve, teve necessidade de fazer numerosas e prolongadas viagens a esta província, o que lhe não era desagradável, não só pelo encanto que as suas belezas naturais lhe inspiravam corno por encontrar no solo elementos de estudo que lhe saciavam a sua sede de investigador.
Referindo-se àquela província dizia ele "O Algarve é a maior policromia da terra que conheço. Tôdas as formações geológicas se encontram aí e até de fácies diferentes desde os xistos cinzentos e negros do carbónico até às areias vermelhas pliocénicas com a côr do arrobol e às amarelas doiradas recentes que orlam as praias. A vegetação não é tanto abundante corno a do Minho... O sol é mais quente, o ar mais balsâmico."
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