Procópio Ferreira
(Ator brasileiro)
08/06/1898, Rio de Janeiro (RJ)
18/6/1979, Rio de Janeiro (RJ)
O ator João Procópio Ferreira descreveu a cena de seu nascimento, imaginando um diálogo familiar:
Nasci numa sexta-feira. "Oh! que bonito petiz", exclama o pai aflito e logo vem a parteira: "Ora, deixemos de brincadeira, chamar isso de bonito, assim, com esse nariz?", pergunta. "Há de ser cirurgião e formado em Paris", um outro parente prossegue em sua imaginação. "Isso não, cem vezes não", solta feroz, meu irmão: "De certo mata um doente assim, com esse nariz".
Procópio ria de sua aparência - era muito baixo, atarracado e narigudo -, largamente superada pela simpatia e pelo carisma. A sua filha com a bailarina espanhola Aída Izquierdo, Bibi Ferreira lembra que um dia flagrou o pai enumerando um amontoado de defeitos ao ver-se no espelho de um camarim. Bibi tentou contradizê-lo, mas ouviu: "Sei exatamente o que sou, mas sei também exatamente o que dou".
Subiu ao palco em 1917 e, em cinco anos, liderava sua companhia. Era tão popular que chegou a fazer 18 apresentações por semana. Seu primeiro êxito como empresário e ator foi em "A Juriti", de Viriato Correia. Seguido de sucessos como: "Deus lhe Pague", de Joraci Camargo; "O Avarento", de Moliére; "A Capital Federal", de Artur Azevedo; e "Esta Noite Choveu Prata", de Pedro Bloch.
Em 62 anos de carreira atuou em 461 peças no Brasil e na Europa. Seu maior sucesso foi "Deus lhe Pague", remontado pela filha Bibi em São Paulo, em 1999. A peça foi encenada pela primeira vez em 1932, no Teatro Serrador, no Rio de Janeiro e registrou a incrível marca de 3.621 montagens em 30 anos, no Brasil e também na Europa.
Além de ator, Procópio foi autor de nove peças: "Briga em família", "Arte de Ser Marido", "Banho de Civilização", "Convidado de Honra", "A Grande Pantomima", "Não Casarás", "Presente do Céu", "Boca do Inferno" e "Família do Antunes".
Seus pais, Francisco Firmino Ferreira e Maria de Jesus Quental Ferreira, eram portugueses da Ilha da Madeira. Quando ingressou na Escola Nacional de Teatro do Rio, aos 18 anos, foi expulso de casa porque não queria se tornar advogado.
Procópio lançou o teatro de frases, com tiradas e expressões cortantes para substituir a tradicional comédia de costumes. No cinema, começou com a produção portuguesa "O Trevo de Quatro Folhas" (1936). No Brasil, atuou em "Quem Matou Ana Bela" (1956) e no sucesso de crítica e público "O Comprador de Fazendas" (1951), baseado no conto de Monteiro Lobato.
Numa tarde de segunda-feira, ele não resistiu aos 21 dias de internação no CTI do Hospital das Clínicas, no 4º Centenário, no Rio, e morreu, vítima de enfisema pulmonar.
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