Antônio Raposo Tavares
(Bandeirante)
1598-1658
Antônio Raposo Tavares nasceu em Beja de São Miguel, no Alentejo, Portugal, por volta de 1598. Filho de Fernão Vieira Tavares, governador da capitania de São Vicente, veio para o Brasil em 1618 e se radicou em São Paulo em 1622.
As bandeiras de Raposo Tavares, classificadas no grupo das despovoadoras, destinavam-se primordialmente a aprisionar indígenas. Asseguraram também a presença portuguesa, evitando a ampliação do domínio espanhol. Sua primeira expedição, em 1627, seguiu para Guaíra. Visava a expulsar os jesuítas espanhóis e anexar terras ao Brasil.
De regresso a São Paulo, exerceu o cargo de juiz ordinário em 1633, função que abandonou no mesmo ano pelo cargo de ouvidor da capitania de São Vicente. Foi então excomungado pelos jesuítas, além de deposto pelo governador. Absolvido pela ouvidoria geral do Rio de Janeiro e reposto no cargo, participou de outra expedição em 1636. Nessa ocasião dirigiu-se ao Tape, no centro do atual estado do Rio Grande do Sul. Expulsos os jesuítas, Raposo Tavares voltou a São Paulo, onde era considerado herói.
Entre 1639 e 1642, Raposo Tavares dedicou-se a ações militares. Como capitão de companhia, integrou o contingente enviado do sul para prestar socorro às forças sitiadas na Bahia. Em missão semelhante esteve em Pernambuco, onde tomou parte na longa batalha naval contra os holandeses. A última e maior de suas bandeiras, em busca de prata, iniciou-se em 1648 e durou mais de três anos. A expedição que percorreu dez mil quilômetros, saiu de São Paulo, seguiu pelo interior do continente, atravessou a floresta amazônica e chegou ao atual estado do Pará. Foi a primeira viagem de reconhecimento geográfico em território brasileiro. Raposo Tavares morreu na cidade de São Paulo em 1658.
Preparado para enfrentar qualquer bloqueio, Raposo Tavares dividiu a bandeira em duas colunas. A primeira, chefiada por ele próprio, reunia 120 paulistas e 1 200 índios. A segunda, um pouco menor, era comandàda por Antônio Pereira de Azevedo. Viajando separadamente, os dois grupos desceram o Tietê até o rio Paraná, de onde atingiram o Aquidauana. Em dezembro de 1648, reuniram-se às margens do rio Paraguai, ocupando a redução de Santa Bárbara.
Depois de unificada, a bandeira prosseguiu viagem em abril de 1649, alcançando o rio Guapaí (ou Grande), de onde avançou em direção à cordilheira dos Andes. Estava em plena América espanhola, entre as cidades de Potosí e Santa Cruz de la Sierra (hoje território da Bolívia). Aí permaneceu até meados de 1650, explorando o mais possível a região. De julho de 1650 a fevereiro de 1651, já reduzida a algumas dezenas de homens, empreendeu a etapa final: seguiu pelo Guapaí até o rio Madeira e atingiu o rio Amazonas, chegando ao forte de Gurupá, nas proximidades de Belém. Diz a lenda que os remanescentes da grande expedição chegaram exaustos e doentes ao forte e que, voltando a São Paulo, Raposo Tavares estava tão desfigurado que nem seus parentes o reconheceram. Como resultado da aventura, vastas regiões desconhecidas entre o trópico de Capricórnio e o equador passavam a figurar nos mapas portugueses.
Raposo Tavares morreu na cidade de São Paulo em 1658.
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