Frederico I [ou Friedrich II] Roger Hohenstaufen
(Rei da Sicília )1194 - 1250
Rei da Sicília (1197-1250), Duque da Suábia (1212-1216) e Imperador do Sagrado Império Romano (1220-1250) nascido em Iesi, a 26 de dezembro, que como administrador foi um importante legislador e o grande patrono da Escola Médica de Salerno, fundamental para essa instituição alcançasse a projeção conhecida. Filho do imperador germânico Henrique VI (1165-1197), neto paterno de Frederico I, Barba Roxa ou Barba Ruiva, daí a ordem II para o S.I.R. e I para a Sicília, e neto materno de Rogério II (1095-1154), por isso ter sangue metade normando, um quarto francês e um quarto italiano.Tornou-se rei da Sicília aos 3 anos de idade e confiado a sua tutela ao papa Inocêncio III. Cresceu como uma pessoa italianizada nos hábitos, embora educado, intimamente, com maometanos, judeus e cristãos e assumiu o trono siciliano aos 14 anos, quando declarada sua maioridade, mas a Itália Setentrional reafirmou sua independência. Quando se tornou Imperador do Sacro Império (1220), ele relocou o trono de seu governo para a baixa Itália, Nápoles e Sicília, na época conhecida como O Reino das Duas Sicílias. Queria expandir o Sacro Império Romano que naquela ocasião já incluía a atual Alemanha, Holanda, Áustria e Suíça, regiões da França e mais alguns territórios de menos importância histórica, para que viesse a incluir toda a Itália, mudando a capital do império para Roma e recapturando toda a glória do antigo império romano. Mas sua ambição o colocou em direto conflito, que algumas vezes o levou à guerra, com a Igreja, que reivindicava para si a maior parte de seu território. A tensão entre o imperador e a Igreja persistiu durante vários papados e, inclusive, chegou a ser excomungado três vezes, a primeira (1227-1230) pelo papa Gregório IX (1227-1241). Dirigiu a sexta Cruzada (1228), na época excomungado e pactuou com o sultão do Egito, assinando tratado de Jafa, obtendo a cessão de Jerusalém, Belém e Nazaré. Na volta o imperador reconheceu a justiça de sua excomunhão e começou a dar passos para uma reconciliação com o papa. Depois de muitas refregas o papa voltou à Roma de seu refúgio em Perúgia (1228-1930), e estabeleceu um tratado com o imperador, por meio do qual aquela parte dos Estados Pontifícios que estavam ocupadas através de tropas imperiais seriam restabelecidas às posses papais e a paz foi estabelecida entre o papa e o imperador (1230). Com a declaração (1237) do imperador da intenção de unir ao império não só a Lombardia e a Tuscania, mas também o Patrimônio de São Pedro e praticamente toda a Itália, fez o papa novamente excomungar o imperador (1239), reiniciando o período de desentendimentos entre ambos, que continuou até a morte do pontífice. A briga continuou com seu pós-sucessor, o papa Inocêncio IV (1243-1254), quando o exército do imperador tomou posição e acampou próximo à cidade. Na iminência de ser derrotado pelo imperador, Inocente IV lançou um contra-ataque geral, além de excomungá-lo pela terceira vez. Porém seu empenho foi mal sucedido, pois a maior parte do principado continuou leal ao imperador, mas antes da batalha final o imperador adoeceu e morreu no Castelo Fiorentino, na Apúlia, a 13 de dezembro. Foi sucedido por seu filho Conrado IV, que continuou a resistência contra o papa até que também morreu (1254). O papa reconhecendo a impossibilidade de expulsar os Hohenstaufen da Sicília, reconheceu o direito do filho de Conrado, Conradino (1252-1268) que tinha apenas dois anos, à coroa, deixando como regente seu tio Manfredo (1232-1266), um filho ilegítimo do antigo rei com Bianca Lancia (1217-?). O rei das duas Sicílias foi um dos homens mais cultos da sua época, um dos mais ilustres governantes e um legislador de primeira ordem. Era poliglota e a sua Corte, em Palermo, era ponto de encontro de cientistas, cavaleiros, diplomatas, dignitários e representantes de todas as regiões. Na Sicília aperfeiçoou o Estado de Rogério II (1130-1154) facilitado pela tradição da administração muçulmana e bizantina. O mais importante documento de seu governo foi o Proemium das Constituições de Melfi (1231), o ato conclusivo da reorganização política da Sicília. Proclamadas pelo imperador, codificam o direito constitucional, administrativo, penal e processual para a Sicília. Foi o início da transformação das categorias políticas imperiais em categorias políticas modernas. O imperator in regno suo foi uma transição entre o imperador e o príncipe soberano. Fundou a Universidade de Napoles, como instituição estatal para formar administradores (1224). Sua importância na história da medicina como ciência começou quando ordenou que os aspirantes a médicos deveriam estudar três anos de preparatórios, a Lógica, e cinco anos de medicina em Salerno seguindo-se um ano de prática junto de um médico de valor reconhecido. Legislou que o exame instituído por seu avô Rogério II (1095 - 1154), para a obtenção de título, fosse público (1224). Também determinou a prática de necropsias, pelos cirurgiões. Separou, segundo o molde árabe, a Medicina da Farmácia pelo Édito de Melfi (1240), com a proibição de qualquer relação comercial entre aqueles profissionais, como era seguido pelos árabes desde o século VIII. Os árabes tinham acabado com os al-attar, ou especieiros, vendedores, por vezes ambulantes, de especiarias e de medicamentos mas sem nenhuma preparação técnico-científica, passando, portanto, a haver os sayadilah. Em Salerno estudava-se Anatomia; é conhecida a Anatonia porci, de Cofone o Jovem. Há quem diga ter-se, também, praticado vivissecção anima vili. Deve-se salientar o avanço da Medicina praticada em Salerno, pois, havia já, terapêutica das psicoses com palavras de amparo e música. A musicoterapia dava os seus primeiros passos! A psicoterapia já se iniciara alguns anos antes, também, por influência árabe, como sabemos. Grande incentivador da cultura, a sua corte, na Sicília, foi chamada por Dante de berço da poesia italiana. Casou três vezes: em Messina (1209) com Constância d'Aragão (1179-1222); em Brindisi (1225) com Isabelle II de Brienne, rainha de Jerusalém (1211-1228); e em Worms (1235) com Isabelle Plantagenet (1214-1241). Foi amigo de Pedro Julião ou Pedro Hispano Portugalense e seu filho Manfredo (1232-1266) seria avô de Isabel de Aragão (1270-1336) e, assim, bisavô pelo lado materno da Rainha Santa Isabel, esposa de Dom Diniz, beatificada (1515) pelo papa Leão X e canonizada (1625), por Urbano II. Uma mancha violenta na vida do rei da Sicília, foi quando ditou leis de violentíssimo tratamento contra os hereges (1224): todos os que fossem condenados por autoridades eclesiásticas deveriam ser entregues às autoridades seculares locais para serem queimados e se se retratassem seriam condenados à prisão perpétua, mas seus bens seriam confiscados, seus filhos deserdados, suas casas destruídas e sem poderem ser reconstruídas. Os filhos do condenado poderiam resgatar sua situação de deserdados se denunciassem outros hereges. Não confundir com Frederico II (1271-1337), rei da Sicília, filho de Pedro III (1236-1285), rei de Aragão e Sicília, e de Constancia de Hohenstauffen (1248-1302), rainha da Sicília .
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