Konrad Adenauer
(Chanceler federal alemão, de 1949 a 1963)
5-1-1876, Colônia
19-4-1967, Rhondorf, Renânia-Vestfália
Quando, em 15 de setembro de 1949, Konrad Adenauer, de 73 anos, foi eleito primeiro chanceler da República Federal da Alemanha, tinha uma carreira política que já se podia classificar como excepcional: sendo advogado, filiou-se em 1906 ao Partido do Centro; de 1906 a 1917, foi vice-burgomestre de Colônia e, de 1917 a 1933, burgomestre da mesma cidade; em 1918, ingressou como membro na câmara de representantes prussiana e, de 1921 a 1933, foi presidente do Conselho de Estado da Prússia. No ano de 1933, foi destituído do seu cargo pelos nacional-socialistas e preso provisoriamente em 1933 e em 1944. De maio a outubro de 1945, ocupou de novo a presidência do município de Colônia (nomeado pelas autoridades militares norte-americanas, embora as britânicas o destituíssem novamente). Em 1946, foi eleito presidente da CDU (União Democrata Cristã) da zona britânica e, em 1950, assumiu a presidência federal da CDU (até 1966). Entre 1948 e 1949, foi presidente do Conselho Parlamentar e, em 1949, passou a ser deputado do Parlamento Federal, no qual foi eleito chanceler federal pela maioria dos seus membros. Seu principal objetivo, enquanto chanceler federal, foi a criação de um clima de confiança, segurança e igualdade para com as democracias ocidentais. Adenauer acreditava na existência de uma ameaça real por parte da União Soviética, e assim, de 1951 a 1955, como ministro dos Negócios Estrangeiros, finalizou uma política coerente de integração com os países ocidentais: 1950-1951, Conselho da Europa e Comunidade Européia do Carvão e do Aço; 1952, Acordos de Bon; 1954-1955, integração na União Européia Ocidental (UEO) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN); recuperação da soberania restringida; 1957, integração na Comunidade Econômica Européia (CEE) e na Euratom. Esta política era destinada principalmente a conseguir uma reconciliação com a França (em 1963, foi assinado o Tratado de Amizade germano-francês), como primeiro passo para atingir uma união da Europa livre, na qual se superassem os nacionalismos, no seio de uma aliança atlântica com os EUA. Adenauer conseguiu que a Alemanha participasse na defesa ocidental (1950: oferta de colaboração às potências ocidentais; 1952-1954: fracasso das negociações sobre a Comunidade Européia de Defesa/CED; 1955: integração na OTAN e estruturação de um exército federal alemão), o que lhe permitiu desenvolver as suas relações internacionais. Adenauer considerava que era um propósito essencial conseguir a "reunificação em liberdade" das duas Alemanhas. A liberdade, entendida como liberdade democrática, era para ele um valor essencial que não estava disposto a colocar em perigo, recusando por isso qualquer tipo de "experiência" que impusesse uma política de reunificação mediante concessões quanto a esse ponto. O governo de Adenauer, saído de eleições livres, fez valer seu direito de único representante legítimo do povo alemão, direito que lhe foi reconhecido em 1951 pelos países ocidentais. Desde 1955, seguindo a doutrina Hallstein, aplicou-se o referido princípio no que diz respeito às relações diplomáticas com os países do Leste Europeu e do Terceiro Mundo. No entanto, em 1955, Adenauer negociou com a União Soviética o estabelecimento de relações diplomáticas e conseguiu que 10 mil prisioneiros de guerra alemães fossem postos em liberdade. Além da integração da RFA na aliança ocidental, outro dos principais objetivos da política externa de Adenauer foi a reconciliação com o Estado de Israel (assinatura do pacto germano-israelense em 1952). Quanto à política interna, a "era Adenauer" caracterizou-se pelo estabelecimento de um sistema político parlamentar democrático, de orientação liberal-conservadora e anti-socialista, no qual o chanceler deixou a sua marca pessoal. A reconstrução econômica e social, qualificada como "milagre econômico" alemão, dentro de uma "economia de mercado social", proporcionou a base social para o novo sistema institucional. Para consegui-lo, Adenauer não hesitou em recorrer a antigos nacional-socialistas de passado duvidoso. Reeleito chanceler em três ocasiões (1953, 1957, 1961), obteve em 1957 a maioria absoluta no parlamento com o CDU/CSU, representando o ponto mais alto da sua etapa como chanceler. No entanto, os anos seguintes foram caracterizados por dificuldades na política externa (1958-1962: crise de Berlim e construção do muro em 1961; interrupção do processo de União Européia; divergências com os EUA, após a morte do ministro dos Negócios Estrangeiros John Foster Dulles, em 1959, e, especialmente, desde a eleição de John F. Kennedy como presidente). Os contratempos sofridos na política interna (candidatura de Adenauer à presidência e sua retirada em 1959; fracasso da fundação da televisão da Alemanha, Deutschland-Fernseh-GmbH, que o Tribunal Constitucional alemão declarou inconstitucional; perda da maioria absoluta em 1961; luta contra a candidatura para chanceler de Ludwig Erhard; e o chamado affaire Spiegel em 1962) manifestaram uma perda de autoridade que, finalmente, o levaram a se demitir (em 15 de outubro de 1963), tanto pela pressão do seu parceiro de coligação, o FDP, como pela que foi exercida a partir das fileiras do seu próprio partido. Ludwig Erhard sucedeu-lhe como chanceler.
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