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Louis De Broglie

(Físico)
1892 - 1987


No início deste século, os físicos verificaram que certos fenômenos ópticos não podiam ser explicados apenas pelas leis da óptica clássica.

No mundo das moléculas e átomos, as velocidades são enormes e as distâncias muito pequenas. Era de se esperar, portanto, que as equações clássicas não tivessem mais aplicação nesse setor. Seria como se alguém tentasse explicar o comportamento de uma pulga, baseado na observação de um elefante.

Por isso, as primeiras teorias atômicas, desenvolvidas por Joseph J. Thomson e Ernest Rutherford, não tiveram o sucesso esperado, embora seus trabalhos pioneiros tenham possibilitado o desenvolvimento de teorias mais elaboradas.

As teorias de Niels Bohr, embora usassem pela primeira vez os conceitos quânticos de Planck, ainda não conseguiam explicar determinados fenômenos ópticos (emissão e absorção da luz pela matéria). Estes só viriam a ser razoavelmente compreendidos após o aparecimento da mecânica ondulatória, criada por Luís V. de Broglie e transformada posteriormente na atual mecânica quântica, por físicos como Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger.

A rápida e brilhante carreira de Luís Víctor de Broglie está repleta de episódios originais e interessantes.

Nasceu em Dieppe, em 1892, vindo a ser o sétimo e último membro de uma família cujos primeiros filhos tinham pelo menos vinte anos mais que ele. Embora numerosa, sua família nunca teve dificuldades financeiras. Seus pais eram descendentes de ricos e nobres italianos de Piemonte, radicados na França desde 1640.

Luís foi uma criança viva e sociável, conservando-se assim até os vinte anos de idade, quando, após sofrer uma crise psicológica, tornar-se-ia uma pessoa austera e introvertida.

Seus primeiros estudos concentraram-se em História antiga, já que ele pretendia tornar-se um paleógrafo. Este ramo do conhecimento, entretanto, não parecia ser sua maior vocação. Os métodos de raciocínio usados em paleografia não o satisfaziam. Ele apenas estava evitando a carreira militar ou diplomática, ao mesmo tempo em que seguia suas tendências ao estudo metódico. Ainda como manobra evasiva, Luís dedicava também algumas horas diárias a manipulações experimentais, no laboratório de física de seu irmão Maurice. Este fato teve influência decisiva em sua formação científica.

Maurice incentivou-o a ler os trabalhos de Henri Poincaré, que tratavam da aplicação da análise matemática aos problemas da astronomia e a certos fenômenos físicos do mundo macroscópico. Seu entusiasmo foi tão grande que se decidiu imediatamente pela carreira de físico, largando seus estudos de história.

Em 1911, Maurice era secretário do 1º congresso Solvay, que contou com a presença dos maiores especialistas em física de todo o mundo. Aproveitando-se de certas regalias que o cargo de secretário lhe proporcionava, Maurice introduziu Luís no ambiente do congresso. Assim, ele teve a rara oportunidade de ler as cópias recém-impressas dos últimos trabalhos e estudos de Max Planck e Albert Einstein; tomou, então, conhecimento das primeiras teorias quânticas e relativísticas.

Êstes trabalhos iniciais demonstravam a insuficiência das teorias clássicas para a explicação de novos fenômenos descobertos e a necessidade de introduzir o conceito de "quantum" de luz.

Segundo Planck, qualquer radiação eletromagnética se propagaria em "pacotes" e não de maneira contínua. O fluxo de energia destas ondas seria também "quantizado" e cada "quantum" de energia seria proporcional à freqüência. A constante de proporcionalidade, representada pelo símbolo h, chamar-se-ia posteriormente de constante de Planck.

Luís de Broglie, bastante estimulado por estes novos conceitos, procurou avidamente uma base racional para essa nova maneira de estudar a luz.

Einstein, por sua vez, demonstrava a necessidade do retorno a algo como a teoria corpuscular da luz, pois não conseguia explicar por que uma parte dos fenômenos ópticos exigia uma interpretação ondulatória enquanto outros, cada vez mais importantes, admitiam uma analogia com as interações entre partículas.

De Broglie interessou-se por tais assuntos, mas suas pesquisas foram interrompidas durante vários anos, devido à Primeira Guerra Mundial: ele foi engajado e passou a trabalhar no serviço de radiotelegrafia do exército francês. Durante esse tempo, De Broglie pôde continuar com seus estudos sobre o eletromagnetismo, embora de maneira bastante restrita: limitava-se à procura de aplicações práticas - essencialmente militares dos fenômenos eletromagnéticos.

Os seis anos de guerra passaram e Luís de Broglíe foi devolvido à vida civil e a seus estudos.

Entretanto, o conhecimento das ondas eletromagnéticas fora bastante ampliado pelos trabalhos de outros cientistas, particularmente na área das radiações altamente penetrantes (raios X e radiação gama), que são as mais ligadas aos fenômenos atômicos.

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