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Camilo Castelo Branco

(Romancista portugues)
1825-1890


Modelo da língua literária de sua época, Camilo Castelo Branco é fundamental na história da prosa de ficção do português, principalmente como romancista. Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa em 16 de março de 1825. Cedo perdeu os pais, e teve muitas dificuldades na infância e adolescência. Casou-se aos 16 anos, deixou a mulher, tentou fazer medicina no Porto (1844) e direito em Coimbra (1845), viveu com outras mulheres. Para prover o sustento fez jornalismo no Porto e, tomado durante meses pelo fervor da religião, em 1850 entrou para um seminário, que logo trocou pela boêmia portuense e a leitura de escritores franceses. A louca paixão por Ana Plácido, casada com um comerciante, levou à prisão dos dois por adultério (1861), na cadeia da Relação. A união, porém, se consolidou: o casal jamais se separaria, indo viver em Lisboa, mais tarde em São Miguel de Seide, sempre com muitos problemas financeiros. Camilo Castelo Branco fez tudo para viver da literatura. A concessão em 1885 do título de visconde de Correia Botelho não lhe melhorou as condições de vida, agravadas pela doença e pela ameaça de cegueira, além da melancolia crescente e autodestrutiva. Camilo Castelo Branco representou em seu país diversas tendências da literatura européia do século XIX, mas tanto por convicções estéticas como por temperamento foi sobretudo um autor romântico. Versátil, de produção copiosa e que contemplou o romance, o teatro e a crítica literária, realizou-se como romancista de feição gótica, às vezes irrefreavelmente sentimental. Reconstituiu em suas obras o panorama dos costumes e dos caracteres do Portugal de seu tempo, quase sempre com uma profunda sintonia com as maneiras de ser e sentir do povo português. Daí a celebridade quase exclusivamente nacional, que deve à pureza da cepa de sua linguagem, capaz de abarcar todas as situações de seu universo cultural. Obras. Na primeira fase Camilo Castelo Branco deu a suas novelas caráter folhetinesco, entre o patético e o macabro. Marcadas pela leitura de Eugène Sue são Anátema (1851), Mistérios de Lisboa (1854), Duas épocas na vida (1854), O livro negro do padre Dinis (1855). Outra etapa, de influência balzaquiana, valoriza a realidade social em Vingança (1858), Carlota Ângela (1858), A morta (1860). Seus livros mais conhecidos refletem a experiência do cárcere, tratando em estilo conciso, mas brilhante, do amor reprimido e exacerbado: O romance de um homem rico (1861), o famoso Amor de perdição (1862), o Amor de salvação (1864), O olho de vidro (1866), A doida do Candal (1867), O retrato de Ricardina (1868), A mulher fatal (1870). De outra linha, Doze casamentos felizes (1861), Estrelas funestas (1861), Estrelas propícias (1863) veiculam intento moralizador. Em Coração, cabeça e estômago (1862), A queda dum anjo e outros, prevalecem toques de humorismo discreto. Camilo também fez romances históricos, como O judeu (1866), e satirizou o realismo com Eusébio Macário (1879) e A corja (1880), tornando-se ele próprio um realista convincente em Novelas do Minho (1875-1877) e A brasileira de Prazins (1882). Menos significativo como poeta, dramaturgo ou historiador literário, em seus últimos romances atingiu mestria extraordinária como observador e retratista dos tipos humanos e da sociedade de sua terra. Depois de saber que ficaria definitivamente cego, Camilo suicidou-se em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão, em 1o de junho de 1890.

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