Mário Schemberg
(Físico e crítico de arte brasileiro)
2/7/1914, Recife (PE)
10/11/1990, São Paulo (SP)
"E como já estou no fim de minha carreira, há um conselho que dou a vocês: não tenham medo. Porque se tiverem medo, nunca poderão criar nada de original. É preciso que não tenham medo de dizer alguma coisa que possa ser considerada como um erro. Porque tudo que é novo aparece aos olhos antigos como coisa errada. É sempre nessa violação do que é considerado certo que nasce o novo e há a criação."
Podemos dizer que tanto o físico teórico quanto o crítico de arte ou o político contestador estão em busca do novo. Este é o eixo em que se moveu Mário Schemberg.
Schemberg estudou na Faculdade de Engenharia do Recife, transferindo-se depois para a Universidade São Paulo. Em 1935, graduou-se em engenharia e em matemática pela USP. No ano seguinte, publicou um trabalho sobre eletrodinâmica quântica na Itália, iniciando sua carreira de físico teórico.
Trabalhou com cientistas de renome mundial nos Estados Unidos, entre 1940 e 1942. Schemberg foi considerado um dos maiores físicos do Brasil. Participou de vários projetos importantes na área de astrofísica. Foi ele quem batizou como processo Urca o ciclo de reações nucleares na formação de estrelas supernova, pesquisa que realizou com o físico George Gamow.
Em 1942, com o cientista indiano Chandrasekhar, descobriu o limite Schemberg-Chandrasekhar, em evolução estelar.
Mário Schemberg redigiu mais de uma centena de trabalhos científicos. Paralelamente, dedicou-se à política, sendo eleito deputado pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro) em 1946, mas teve seu mandato cassado por motivos políticos.
Em 1953, retornou de seu exílio na Europa e foi nomeado diretor do departamento de física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Começou a atuar como crítico de arte em 1958. Três anos depois, iniciou seu trabalho perante a Bienal das Artes. Schemberg desenvolveu uma fecunda atuação no mundo das artes plásticas. Além de crítico, foi também um grande colecionador, mantendo relações pessoais com muitos artistas, como Alfredo Volpi e Bruno Giorgi.
Em 1962, Schemberg elegeu-se novamente deputado, sendo mais uma vez cassado. Representou o Brasil na conferência de Kyoto, no Japão, em 1965, sobre partículas elementares.
Com a imposição do AI-5, em 1969, Schemberg foi aposentado compulsoriamente e perdeu seus direitos políticos.
Em fins da década de 1970, já uma figura de projeção nacional, intensificou sua atuação política. Denunciou o acordo Alemanha-Brasil e fez campanha contra o uso indevido de energia nuclear.
Mário Schemberg foi reintegrado à Universidade de São Paulo em 1979, tornando-se, em 1987, professor emérito.
Faleceu em 1990, deixando uma filha, Ana Clara.
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