Marcião do Ponto
(Teólogo radical ortodoxo )
~ 90 - 160
Teólogo radical ortodoxo nascido em Sínope, no Ponto, na Ásia Menor, que idealizou uma seita, os marcionitas, que colocava o Deus do Velho Testamento como um falso Deus, inspirada no seu agnosticismo, ou seja, segundo ele Jeová era um Falso Deus. Filho do bispo de Sínope, no Ponto, passou a considerar a Bíblia de Israel como um documento inaceitável (140) para o cristianismo, e passou a pregar por um único evangelho, o de Lucas, e as dez Epístolas dejudaizadas de Paulo. Conforme Hipólito, levou à Roma (141), essas Epístolas endereçadas aos Romanos, aos Gálatas e aos Coríntios, as quais não foram inicialmente consideradas merecedoras de fé e sofreram rigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que não convinha à Igreja e nesta ocasião compôs suas Antíteses. Membro influente da comunidade em Roma, contemporâneo de Justino, insistiu no contraste absoluto entre a Bíblia de Israel e a pregação de Jesus, entre o Deus de Israel e o Deus de Jesus. Essa sua corajosa investida forçou a jovem Igreja cristã a esclarecer o cânone das Sagradas Escrituras obrigatórias e necessárias para a Cristandade em um duplo livro. Primeiro as escrituras do anúncio de Cristo compostas em uma coleção obrigatória, conhecida como Novo Testamento. E segundo, as Escritura de Israel, o Antigo Testamento. Assim, desse processo surgiu uma só Bíblia, mas em duas partes, como tradicionalmente conhecemos hoje. Com muitos seguidores, os marcionitas, ele continuou com suas idéias, rejeitando o Antigo Testamento e falando mal do Deus Jeová, Javé ou Yavé, considerou-o um deus fraco, admitindo inclusive que Jesus Cristo não poderia ser filho desse Deus do Deus do Antigo Testamento, o Demiurgo: justiceiro, vingativo, impiedoso. Em conflito com as autoridades da Igreja de Roma, organizou sua contra-igreja e estabeleceu seu próprio cânone bíblico baseado no Evangelho de Lucas e nas Epistolas de Paulo. Assegurando que o Deus verdadeiro era o Deus pregado por Jesus Cristo, um Deus de amor, perdão, bondade, mutilou os Evangelhos nas passagens que não lhe interessava, rejeitando tudo o que poderia contradizê-lo nas Escrituras. Assim, em função de suas doutrinas excêntricas, foi excluído do rol dos membros da Igreja Cristã Primitiva e considerado herege (144). Popular, carismático e milenarista, embora não sendo um grande teólogo, sua doutrina obteve um imenso êxito, e através do seu notável senso de organização, sua seita constituiu-se numa verdadeira Igreja, as igrejas marcionitas, composta hierarquicamente de bispos, diáconos e diaconisas, presbíteros e leitores, que foram muito poderosas na Mesopotâmia, onde precederam o maniqueísmo do século III. Os marcionitas cresceram tanto que pareciam ter invadido todo o mundo cristão. O traço capital do seu cristianismo foi sem dúvida seu paulinismo, e mesmo depois de sua morte (~160), suas comunidades continuaram a existir. Porém seus sucessores não se revelaram a altura do mestre, excetuando-se Apeles, que diminuiu um pouco o rigor das teses do fundador. Na sua Primeira Apologia (~150), Justino assinalou a existência dos marcionismo e refutou-o em um tratado especial. Ireneu consagrou-lhe apenas breve nota no seu Syntagma: Adversus Haereses, mas deu-lhe grande combate em documentos posteriores. Dionísio de Corinto escreveu uma carta contra o chefe marcionita aos cristãos de Nicomédia, e Filipe, Bispo de Gortina, em Creta, compôs uma obra contra ele. Ródon, discípulo de Taciano, também o combateu, assim como Bardesanes no fim do segundo século. Tertuliano, o grande teólogo africano, escreveu um tratado denominado de Adversas Marcionem (200). Teófilo, sexto bispo da Igreja de Antioquia, compôs um livro Contra Marcião, que existe até hoje.
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