Jacqueline Félicie ou Jacoba Felice
(Médica francesa de origem germânica )
~ 1290 - 1340
Médica francesa de origem germânica nascida em local incerto, que em uma época em que oficialmente as mulheres eram proibidas de examinar, tratar e praticar qualquer tipo de cura, foi acusada da prática ilegal da medicina, em Paris. Demonstrando enorme coragem, ela visitava os enfermos, examinava as suas urinas, tomava-lhes o pulso e tocava os seus corpos e membros. Como mulher sábia e conhecedora na arte de como deveria visitar com decência uma mulher doente e investigar os segredos delas e suas partes íntimas, fizeram com que se tornasse muito querida entre as mulheres. E muitas mulheres que antes se permitiriam morrer, com vergonha de revelar seus segredos, ser tocada em suas intimidades e até ser explorada em suas fraquezas por médicos homens, freqüentemente pouco éticos, agora tinham uma pessoa em que podiam confiar sem constrangimentos ou riscos de humilhações Ela mesmo fabricava suas porções medicamentosas e tinha o costume de cobrar pelo tratamento, mas somente se o paciente ficasse curado. Sua eficiência como médica ganhou notoriedade e lhe trouxe o confortável nível de vida, mas passou a incomodar a sociedade machista que imperava naqueles tempos. Ela foi acusada pela faculdade de medicina da Universidade de Paris, especialmente por John de Padua, que tinha sido um cirurgião do Rei Filipe IV de França, de praticar medicina (1322). Foi presa e processada na Corte da Inquisição Francesa, em Paris, embora os registros digam que ela sabia da arte da cirurgia e da medicina mais do que qualquer mestre ou doutor em Paris. Apesar dos diversos testemunhos ao seu favor por muitos dos seus pacientes, inclusive uma criada do próprio bispo encarregado do caso, que já fora desenganada por outros médicos que a haviam examinado anteriormente, foi considerada culpada e excomungada, tornando-se um caso paradigmático e bem documentado que está, do processo de intolerância religiosa cristã que reinava na Europa, especialmente no que dizia respeito às mulheres do exercício da medicina, com certo peso na tradição muçulmana e judia. A sentença condenatória foi aprovada por um corpo de jurados altamente conservador e opressivo, como uma criatura carnal incapaz de razão, ligada com o diabo. Foi excomungada como bruxa e proibida de continuar suas curas sob risco de ser queimada na fogueira e provavelmente morreu em Paris, poucos anos depois.
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